Não precisa muito para perceber em uma mesma quadra de uma rua de Belém várias placas imobiliárias oferecendo vários ou, às vezes, o mesmo imóvel. Pior que isso é perceber que algumas delas já estão desbotadas depois de meses e mesmo anos no sol e na chuva esperando um cliente que teima em não aparecer e, quando aparece, não conclui o negócio.
O que está acontecendo com o mercado imobiliário em Belém não difere do que acontece em muitas cidades do país. Se você quer fugir desta estatísticas dos infelizes clientes que já estão aborrecidos com tanta espera e nenhum resultado preste atenção em alguns pontos importantes para mudar esta realidade.
Primeiro: desesperar jamais. Não é quantidade de placas de corretores ou mesmo colocar uma gigantesca faixa de ‘vende-se’ cobrindo toda a sacada do seu apartamento que vai trazer o resultado que tanto busca. Este é um mercado como qualquer outro de oferta e procura e quando é preciso seduzir o comprador. Se a oferta do seu imóvel beira ao desespero, de tantos anúncios e faixas, o interessado vai acabar se afastando por medo. Traduzindo: se o imóvel é bom, por que não vende? Se a oportunidade é imperdível, porque precisa de tantos para fazer o serviço. Na cabeça do comprador, algo está errado.
Outro ponto a estar muito atento é a legalidade do seu imóvel. Acredite se quiser. Ele pode não estar pronto para ser vendido e você, que há tantos anos vive nele, nunca desconfiou disso. Isso acontece porque se tem a falsa impressão que um simples recibo dá a legalidade necessária para a venda. Alguns compraram o imóvel através do tal recibo e sequer se deram ao trabalho de verificar se quem vendeu era realmente o dono. Não existe um registro de cartório em nome do vendedor, falta uma procuração passando os direitos a você.
Nos famigerados contratos de gaveta, o imóvel passa de mão 4 ou 5 vezes, mas segue no nome do primeiro vendedor lá atrás. Se for vender agora, você terá, no mínimo, que pagar o Imposto de Transmissão correspondente a todos esses contratos. Um preço que inviabiliza o negócio. Além disso, se for financiar, por exemplo, terá de transferir o imóvel para o seu nome.
Mais uma conta é saber das dívidas passadas, que você não se dava conta, como o IPTU. Muitos costumam checar apenas os últimos 5 anos do imposto, acreditando que o que estiver além disso tem prescrição automática. Um erro clássico. Primeiro porque para ter direito a prescrição é preciso pedir e o poder público conceder. Depois, porque se a dívida tiver sido cobrada e o devedor citado, mesmo que há 10 anos, a prescrição interrompe e o imóvel, que você acreditava ser seu, pode estar a ponto de ser levado a leilão para pagar a tal dívida.
Mas o pior dos problemas que encalha os imóveis em Belém tem sido a má avaliação. Muitos profissionais e não profissionais, sem muita experiência de um lado e muita fofoca e boatos sobre valores irreais de outros elevaram os valores para patamares que o mercado não assimilou. O imóvel vale R$ 300 mil, mas o sujeito quer R$ 500 mil. Vai ficar anos esperando, mostrando para uma centena e efetivamente não concluindo o negócio. Pior, se aparecer alguém disposto a pagar o preço que ele vale, o vendedor vai fazer pouco caso e deixar passar a oportunidade.
Moral da história: tudo tem um preço. Se você não tomar os cuidados com o seu imóvel, a conta desse desleixo vai comprometer a venda. Se ficar de olho grande, saiba que pelo preço errado a venda vai se tornar um tormento. Pra completar, esqueça de mandar o porteiro vender, o leiteiro vender, o homem da banca vender, porque com esses você negocia uma ‘gratificação’ menor.
Além de ilegal, o que pode gerar um processo criminal por exercício ilegal da profissão ao tal ‘corretor informal’, pode levar você junto como cúmplice. Tudo isso sem falar nos problemas que a falta de um profissional pode trazer para a segurança do negócio. Por causa de um tostão, tem gente perdendo o milhão.